quarta-feira, 26 de agosto de 2009

H1N1: a neurose da vez

Falar de gripe é fácil, difícil é encontrar Tamiflu para todo mundo.
Sei que já falamos sobre a gripe há algum tempo atrás, mas não tive como não escrever de novo, afinal, o tema se desenvolveu muito desde meu último comentário a respeito. Dessa vez, minha observação se baseia no trabalho da imprensa sobre o caso.
Com a propagação do vírus H1N1, os jornais do mundo todo tem se dedicado a levantar dados e divulgar tudo que conseguem a respeito da nova doença. O resultado dessa obsessão pela gripe corresponde diretamente na realidade das pessoas.
Por não possuir muitas fontes ou pela falta da capacidade de filtrar as mensagens que recebe, parte da população baseia-se nas notícias que lhe são apresentadas para tomar atitudes e formar sua opinião. Ou seja, as “Marias-vai-com-as-outras” tornaram-se apavoradas diante do bombardeio de notícias trágicas referentes a gripe suína.
A crise econômica, a morte de Michael Jackson e muitos outros assuntos que eram priorizados anteriormente foram colocados em segundo plano diante da pandemia psicológica que se aplicou sobre os espectadores.
Levando em consideração a relação de importância dada as notícias nos últimos tempos, o H1N1 pode ser considerado mais perigoso que o Osama Bin Laden, afinal, os bombardeios realizados em território palestino e americano não impediram ninguém de cumprimentar ou abraçar um amigo, a não ser que este fosse homem-bomba, claro. O pânico gerado pelo conflito também não apavoraram toda a população mundial como aconteceu exageradamente com o caso da gripe, incluindo a paralisação de alguns Países com o objetivo de extinguir os focos da doença. Todos assustados com as notícias divulgadas a respeito.
Diante do desespero dos consumidores, as fábricas de álcool gel e os vendedores de máscaras de proteção aproveitaram para lucrar muito. Mas nenhum lucro se compara ao dos fabricantes de Tamiflu. O escasso remédio se tornou o principal indicado dos atendimentos recebidos em todos os hospitais. A busca pelo medicamento tomou uma proporção impressionante e crescente a cada manchete divulgada a respeito da doença.
Não demorará muito para que o tema seja esquecido e deixado de lado, em breve já terão descoberto um assunto mais devastador para sobrecarregar as escaladas dos jornais. E, só para variar, todos ficarão impressionados e neuróticos novamente.
Para concluir, é interessante destacar que, enquanto as manchetes dos jornais se enchem de materiais sobre a nova gripe, os traficantes continuam “trabalhando”, o trânsito continua causando transtornos, a educação continua precária e os governantes continuam sendo julgados por corrupção, enfim, o mundo continua girando, mas os noticiários estão ocupados demais para desenvolver outras pautas.
Obrigada pela visita e volte sempre, se não ficar doente.