quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O ônibus sempre vem antes do outro lado da rua..

Não importa sua pressa, para onde você está indo ou a chuva no dia em que você esqueceu o bendito guarda-chuva em casa por pensar ‘o ponto é logo ali e dá tempo de chegar sem se molhar’.Não sei, mas deve existir uma central de controle que registre seu lado da rua para mandar imediatamente uma condução do lado de lá. 
Assim como existe apenas um lado da rua para ficar as pessoas com milhões de sacolas e caixas, fogão, geladeira, micro-ondas, cachorro e todas as coisas existentes no mundo que não passam pela catraca: o seu lado da rua esperando o seu ônibus. 
Não é culpa de ninguém, não é lei da natureza, não é nenhum castigo pelos dias em que você ofendeu mentalmente o motorista que fechou a porta e foi embora quando você correu mortalmente para alcançá-lo. 
A única verdade é que não adianta esperar do outro lado da rua para tentar enganar a realidade,  pois a ordem de chegada da frota pública se divide em todas as possibilidades de linha antes da que você espera, e o preço da passagem é o pagamento pelo teste psicológico de paciência.

(PARIS, Letícia. 2012)


sábado, 10 de novembro de 2012

Traumas cotidianamente humanos


Algo pode ser pior e mais alarmante do que o um centavo que nos roubam no troco do pão.
O risco da vergonha visual acontece em um momento ímpar da vida: o trocar de roupas!

Confesso que na hora de vestir algumas camisetas ou calças ou qualquer coisa para manter este corpo confuso de acordo com os padrões, levanto o orgulho da beleza pós-trajado e me decepciono com a avessez da calça. 
Quem nunca mergulhou os pés no jeans e só depois percebeu que sobrava tecido demais na parte da frente, limitando as sobras das curvas traseiras que faça-se de desentendido. 
Não entendo como ninguém nunca concluiu oficialmente que, viajar em minhas indagações banheirísticas sobre a vida e as decisões inadiáveis deste momento são importantes demais para serem substituídas pela identificação dos lados de uma calça!
Na verdade deveria ser lei uma sinalização específica para este tipo de peça. Uma disciplina escolar, uma formação acadêmica para não se confundir ao cobrir o corpo.
O ser humano inventou a regra de vestir-se e nem ao menos pensou em formar as pessoas para isso sem confusão. 

Enfim, aguardo o dia em que poderemos cantarolar já do lado de fora do box sem interromper a nós mesmos dizendo “opa, tá ao contrário..”!

(PARIS, Letícia. 2012)

domingo, 4 de novembro de 2012

Versos rimados, porém demorados

Com o dia pacato
Eu pude entender
Que sozinho ele é chato
Até na TV

Aquele domingo 
Passado dormindo
Me fez perceber
Seu novo sentido

As horas que travam
Os relógios que vejo
Não rodam os ponteiros
Que tanto desejo

Hoje o silêncio 
Fala por mim
E eu que bem sei
Que nunca foi assim

Os tantos assuntos
Que adoro lembrar
Agora guardados
Vão ter que esperar

E a segunda-feira
Que chega atrasada
Já ganha a missão
De me tirar do nada.

(PARIS, Letícia. 2012)