Medo: sempre tive receio desta palavra, mas ela nunca chegou a me assustar tanto como hoje à tarde quando descobri, na prática, o que ela significa!!!
Era apenas a continuação da pauta "invasão no Campo Comprido", nossas intenções eram as melhores, como das outras vezes. Chegamos, conversamos com os invasores, cheguei até a brincar com alguns, sem problema nenhum, sem ofensa, sem más intenções. Jogamos totalmente limpo com todos, sempre falando de nosso objetivo, sem esconder nada. Respeitamos claramente os que não quiseram ser fotografados. As fotos renderam muito, assim como das vezes passadas, afinal, é inegável o talento de nossa "fotógrafa". Conseguimos rever alguns entrevistados de nossa 1ª matéria, que foram muito simpáticos, posaram para novas fotos e conversaram durante longo tempo conosco. Pudemos conhecer e conversar com novas pessoas também. Estava tudo certo, perfeito para dar-mos continuidade ao trabalho e, possivelmente, concorrer ao prêmio de jornalismo no fim do ano.
Quando já estávamos longe da invasão, voltando satisfeitas e felizes pelo excelente resultado que havíamos alcançado, fomos abordadas por um indivíduo que levou nosso trabalho junto com a estimada câmera de minha companheira de reportagem, ameaçando-nos. Não reagimos, aliás, tudo que fizemos, foi explicar que nosso trabalho era limpo, como de fato é.
Depois disso, decidimos não insistir mais na investigação desta pauta que, para nós, terminou hoje e de forma frustrante.
É triste perceber que não se pode reportar e mostrar a realidade da sociedade em que vivemos e, por mim, prefiriria morrer tentando. No entanto, tenho certeza que minha vida vale mais que uma reportagem!! Depois de termos sido impedidas de mostrar o que vimos, decidi retirar do meu álbum as fotos que havíamos tirado das outras vezes, porém, o álbum permanece..
Tentávamos, apenas, mostrar uma realidade não vista pelos jornais, a situação real e complexa dos invasores. Levaram nosso instrumento de trabalho, mas não podem levar nosso pensamento nem nosso amor pelo jornalismo!!
Obrigada pela visita,
Volte sempre.
2 comentários:
como faço para gravar cenas terriveis de um assassinato,sendo que meu estomago embrulha tudo??????
Oi Luciane..
Bem, não sei em que contexto isso se aplica, afinal, nunca presenciei um assassinato, mas pensando nas roubadas em que já me meti com reportagens, o que eu posso dizer é que a fórmula é se isentar da cena e apenas gravar, não pensando no que, exatamente, você está gravando. Afinal, o psicológico humano é fragil diante de cenas fortes. O jeito, então, é fazer o lado racional prevalecer e reportar.
Obrigada pela visita.
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